|
A ausência de ciúme como um ideal cultural: reflex es clínicas sobre a fragilidade subjetiva frente ao amor na atualidade The absence of jealousy as a cultural ideal: clinical reflections about the subjective fragility evoked by love in present timesDOI: 10.1590/s0103-73312012000200019 Keywords: ciúme , erotismo , amor romantico , psicanálise clínica , atualidade , jealousy , eroticism , romantic love , clinical psychoanalysis , contemporary society Abstract: Discute-se largamente, na literatura psicanalítica e no meio acadêmico, de modo geral, sobre o declínio das tradi es, do respeito às e respaldo social das institui es, e sobre a desqualifica o da autoridade paterna na contemporaneidade. Tributário do romantismo e do individualismo forjados na modernidade, o amor romantico enquanto valor cultural e último refúgio subjetivo também se encontra em ruínas. A sexualidade enquanto absoluto prazer, multiplicidade e busca de sensa es, é projetada cada vez mais como condi o para as rela es ditas amorosas. Diante desse cenário, partimos de uma discuss o teórica e de vinhetas clínicas, a fim de argumentar que o ciúme é um afeto "fora de moda", cujas manifesta es sintomáticas podem ser associadas ao modo como o erotismo é regido na atualidade. A ausência de ciúme desponta como um novo ideal para o amor, n o mais apenas romantico, porém, antes de mais nada, narcísico, erótico, múltiplo e excessivo. A partir de estudos psicanalíticos sobre o amor e o ciúme, pretendemos ent o refletir como o modelo cultural narcísico atual permeado pelos restos de um romantismo recrudescente afeta a subjetividade. De modo ambíguo, a "ausência de ciúme" e seu oposto correlato "ciúme primitivo" oscilam entre si como express es marcantes da fragilidade nas rela es amorosas atuais. The decline of traditions, institutions and paternal authority in present times has been largely discussed in psychoanalytical literature. Heir of Romanticism and Individualism forged in modernity, romantic love as a cultural value and the last subjective refugee, has ruined. Sexuality understood as absolute pleasure and multiplicity of sensations has been more and more considered as a condition for love relationships. Considering this state of affairs, and based on a theoretical discussion and clinical vignettes, we argue that jealousy is "old-fashioned". The absence of jealousy points at a new ideal for love, not so much romantic, but most of all narcissistic, erotic, multiple and excessive. Based on psychoanalytical studies about love and jealousy, in this paper, we intend to reflect about how today′s narcissistic cultural model, still permeated by the remains of Romanticism, continues to interfere with contemporary subjectivity. In an ambiguous way, the absence of jealousy and its opposite correlate "primitive jealousy" take turns in the field of contemporary love relationships.
|