Jovens “velhos” no mundo da pós-infancia

As representa es sobre a infancia transformaram-se de forma significativa desde a década de 1960. Dessa década procede a obra pioneira de Philippe Ariès, que apresenta a infancia como uma constru o histórica singular, própria do nosso mundo moderno. Na década de 1980, quando essa perspectiva ainda estava sendo discutida e aprofundada, ganha for a a ideia de que a infancia está desaparecendo. Entre essas referências e extremos, situa-se boa parte do debate atual sobre a infancia, sobre o lugar reservado às crian as nas sociedades contemporaneas e sobre as representa es que definem esse lugar. Nesse debate, muitos falam sobre a infancia por meio de um jogo de oposi es, aproxima es e semelhan as entre a crian a e o adulto, criando desse modo determinadas figuras, como a crian a-adulto e o adulto-crian a. Implicado nessas figuras, há um elemento que corresponde a um ideal cultural e que pouco comparece nos debates brasileiros que operam com elas: o significante jovem/juventude – um significante ausente, mas que n o deixa de estar presente, talvez com a for a que é própria do que opera desde um lugar n o reconhecido. A partir do que esse significante apagado instaura enquanto saber n o sabido que opera em crian as e adultos, este artigo busca redimensionar aquelas duas figuras e assim tratar desta quest o: as crian as de hoje s o mais sabidas?